Quando a gravidez é considerada tardia?

Quem quer engravidar precisa estar atento à quantidade de óvulos no organismo e se programar para uma futura gestação. Entenda.
Há algumas décadas, a gravidez em mulheres com mais de 25 anos já era considerada tardia. Anos depois, esse conceito mudou para 35 anos. Hoje, devido ao aumento da expectativa de vida, só é classificada como tardia a gravidez que acontece depois dos 40 anos.
Isso porque os óvulos embrionários funcionam em um esquema de lote: as mulheres nascem com uma quantidade geneticamente determinada de aproximadamente 1 milhão de óvulos que vai sendo utilizada ao longo da vida. Depois da primeira menstruação, boa parte desse material genético é perdido e sobram, em média, 300 mil. O estoque vai diminuindo a cada mês e, aos 40 anos, restam apenas cerca de 8 mil.
“Chega um momento em que a quantidade de óvulos é tão pequena que a mulher começa a ter ciclos menstruais irregulares até que pare de vez de menstruar: é a menopausa”, explica Klissia Pires, vice-diretora científica da Associação Mulher Ciência e Reprodução Humana do Brasil (AMCR).
Chances de engravidar depois dos 40 anos sem ter entrado na menopausa
De acordo com a ginecologista, a maioria das mulheres entra na menopausa entre os 45 e os 55 anos. É considerada menopausa quando a mulher fica um ano inteiro sem menstruar e começa a sentir os sintomas mais comuns da queda dos hormônios reprodutivos: ondas de calor, secura vaginal, distúrbios do sono, entre outros.
Antes da chegada da menopausa, ainda há uma chance de engravidar, porém mais baixa. O auge da fertilidade feminina ocorre entre os 20 e os 30 anos, mas começa a declinar a partir dos 35. Depois dos 40, entre as mulheres que iniciam as tentativas de engravidar, apenas metade consegue.
“Em torno dos 45 anos, a chance de gravidez com óvulos próprios é de 1% a 3% por mês. Mesmo quando a mulher recorre a tratamentos de reprodução assistida, as chances são baixas. Aos 45 anos, a chance é de 3%. Um ano depois, cai para 0,5%”, alerta a dra. Klissia.
Chances de engravidar depois de ter entrado na menopausa
Quando a menopausa dá as caras, a situação fica ainda mais complicada. Como é nesse momento que as mulheres esgotam todos os óvulos, em tese, elas não conseguem mais engravidar.
“Eu sempre falo que na medicina não existe ‘nunca’ nem ‘sempre’. Hipoteticamente, poderia ocorrer uma gravidez nessas condições, mas seria uma extrema exceção”, pontua a dra. Klissia.
A gravidez pós-menopausa, no entanto, tem mais chance de acontecer quando a mulher entra em menopausa precoce, que ocorre com algumas mulheres antes dos 40 anos. Em torno de 2% das pacientes nessa condição conseguem engravidar, porque o ovário retoma a sua função temporariamente.
“Eu já vi isso no consultório. Tem muito a ver com a questão dos óvulos serem de mulheres jovens, antes dos 40 anos. Mas também é uma situação atípica”, detalha a ginecologista.
Congelamentos de óvulos
Para contornar as limitações impostas pela idade, existem algumas opções. A principal é o congelamento de óvulos ou vitrificação, procedimento adotado para preservar a fertilidade da mulher e conseguir maiores probabilidades de engravidar no futuro.
“O momento ideal para congelar os óvulos é entre os 30 e os 35 anos, já que a qualidade desse material está relacionada à idade. São necessários em torno de 15 óvulos para ter uma chance de 80% a 85% de gestação”, destaca a dra. Klissia.
Os óvulos, no entanto, são células frágeis, que podem se perder com o processo de congelamento e descongelamento. Por isso, o ideal é que eles não fiquem guardados por muito tempo. Além disso, é importante lembrar que o congelamento ajuda a aumentar a probabilidade de uma gestação futura, mas não dá a certeza de que a paciente conseguirá engravidar.
Fonte – Portal UOL – página Dr. Drauzio Varella