HC estuda utilizar células-tronco para reconstruir crânios de gêmeas siamesas em Ribeirão Preto

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Procedimento pode ocorrer após a última neurocirurgia, explica o cirurgião plástico Jayme Farina Júnior. Irmãs que nasceram unidas pela cabeça passaram por 2ª cirurgia no sábado (19) e se recuperam em UTI, diz Hospital das Clínicas (HC)

O cirurgião plástico Jayme Farina Júnior, do Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto (SP), disse que a equipe médica da unidade estuda a utilização de células-tronco para reconstrução dos crânios das gêmeas siamesas Allana e Mariah, de 1 ano e 10 meses, que nasceram unidas pela cabeça.

O procedimento, segundo o cirurgião plástico, pode acontecer após a quarta e última neurocirurgia para separação das crianças, prevista para 2023.

“Estamos estudando a possiblidade da incorporação de tecnologia para melhoria da cranioplastia [cirurgia para recuperação da função protetora do crânio] com células-tronco. Seria doado pela própria criança e não haveria rejeição. Estamos em uma fase de evolução desse projeto, mas é uma possiblidade que a gente almeja”, afirmou o cirurgião.

As células-tronco são conhecidas por constituírem diferentes tipos de tecido para o corpo. O uso delas é comum no tratamento de doenças como mal de Parkinson, câncer e Alzheimer.

A implementação dessa tecnologia não aconteceu no caso das gêmeas Maria Ysabelle e Maria Ysadora, que também nasceram unidas pela cabeça e foram separadas pela equipe do HC em 2018.

“O principal objetivo da cirurgia plástica, em todos os momentos, é a reconstrução do crânio. É uma cirurgia reparadora, e das mais complexas do mundo, porque casos como esses são raríssimos. Mas a gente fica confiante porque já fizemos um procedimento exitoso em 2018”, disse Farina.

Recuperação

O segundo procedimento para separação das irmãs Allana e Mariah durou nove horas e foi concluído no sábado (19). Na ocasião, estiveram presentes mais de 40 profissionais de saúde.

A chefe da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Infantil do HC, Ana Paula Carlotti, disse que as crianças estão se recuperando do procedimento.

“As meninas não tiveram nenhuma intercorrência no pós-operatório. Os sinais vitais estão normais, estão conversando e movimentam os quatro membros normalmente. Aparentemente, não há nenhum déficit neurológico relacionado ao procedimento cirúrgico. Estamos bem satisfeitos de ver essa evolução que está indo muito bem”, afirmou.

A primeira cirurgia aconteceu em agosto deste ano e também foi bem sucedida.

Fonte: Portal G1