Estudo revela fatores ligados à morte neuronal no Alzheimer

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Um estudo da Northwestern University revela que um mecanismo no RNA pode ser o responsável por esse fenômeno, abrindo novas possibilidades para o tratamento da doença

A Doença de Alzheimer representa uma das formas mais frequentes de declínio cognitivo, no entanto, mesmo diante da sua ampla incidência, os meandros causativos permanecem parcialmente obscuros para a ciência. Um dos aspectos já identificados é que a diminuição de células nervosas figura como um dos principais impulsionadores no surgimento dessa enfermidade

Mecanismo RNA

Os pesquisadores da Northwestern University, em um estudo publicado na revista Nature Communications, sugerem que um mecanismo presente no RNA (ácido ribonucleico) pode desencadear a morte de várias células, incluindo os neurônios. Neurônios podem enfrentar uma nova causa de degeneração na doença de Alzheimer, de acordo com a pesquisa.

Investigando cérebros de três fontes diversas utilizando modelos de camundongos com Alzheimer, neurônios derivados de células-tronco de pessoas com e sem a doença, e adultos com mais de 80 anos, mas com habilidade de memória equivalente a indivíduos entre 50 e 60 anos, os cientistas buscaram validar essa hipótese.

As células de cada indivíduo apresentam distintas categorias de RNA, conforme Marcus Peter, docente na Escola de Medicina Feinberg da Northwestern University e líder do estudo. Ele destaca o RNA mensageiro (RNAm) extenso, responsável por codificar proteínas essenciais para o funcionamento celular, composto por milhares de nucleotídeos, e o RNA curto, com 19 a 22 nucleotídeos, que atua inibindo a atividade do RNAm, resultando no bloqueio na síntese de proteínas.

Avanços na medicina 

Nesse contexto, os cientistas identificaram que um tipo de “código” contido em um RNA curto, composto por apenas seis nucleotídeos, pode causar a morte de células vitais. Marcus Peter, líder do estudo, explicou ao Medical News Today que denominaram essa sequência curta de “código da morte”. As células perecem porque os RNAs que carregam esse código suprimem de maneira seletiva os RNAm que codificam proteínas cruciais para a sobrevivência de todas as células.

Com o avanço da idade, a quantidade de RNA “protetores” diminui nas células cerebrais, enquanto a presença dos RNA “tóxicos” aumenta, conforme destacado pelo autor do estudo. Isso significa que um cérebro com maior quantidade de RNA “tóxico” apresenta um maior risco de mortes celulares, o que, por consequência, amplia as chances de desenvolvimento do Alzheimer. Essa constatação ressalta a importância dos RNA mensageiros em quantidade significativa para a proteção das células cerebrais.

Marcus Peter destaca que as próximas etapas da pesquisa envolvem mais testes em animais e neurônios provenientes de pacientes com a doença. Além disso, os autores do estudo enfatizam a relevância dessa descoberta como um impulso para novas investigações voltadas ao desenvolvimento de medicamentos destinados ao tratamento do Alzheimer e outras condições degenerativas. Planeja-se, também, a avaliação de medicamentos capazes de aumentar o nível de RNA “protetores” ou reduzir a atividade dos RNA “tóxicos”.

Fonte: Estudo revela fatores ligados à morte neuronal no Alzheimer (r7.com)