Células-tronco: tratamento promissor para a melhora da função motora após AVC

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Resultados preliminares de um estudo inédito em seres humanos realizado por cerca de 20 anos sugerem que o transplante de células-tronco neurais é seguro e, após um mês, melhora a função motora em pacientes com acidente vascular cerebral (AVC) isquêmico crônico.

Quase todos os pacientes apresentaram alguma melhora em um desfecho primário de eficácia baseado na alteração do escore motor total na escala de Fugl-Meyer. Após 12 meses, 8 dos 12 pacientes tiveram melhora ≥ 10 pontos (considerada clinicamente significativa), e três deles atingiram esse mesmo ponto de corte em um intervalo temporal ainda menor.

“Os pacientes apresentaram melhoras após um mês, melhoraram ainda mais com três meses [de tratamento] e tinham quadros estáveis aos seis meses. Então, observamos algo que nunca havia sido visto em nenhum dos estudos anteriores realizados em pacientes transplantados: uma intensificação da recuperação entre 6 e 12 meses, com melhora média de 11,8 pontos (versus 9,3 pontos aos seis meses [de tratamento])”, disse o médico e pesquisador Dr. Gary K. Steinberg, Ph.D., codiretor no Stanford Stroke Center da Stanford University School of Medicine, nos EUA.

Os achados foram apresentados em 4 de maio na Reunião Anual de 2024 da American Association of Neurological Surgeons (AANS).

Poucas opções de tratamento

Atualmente, com exceção da estimulação do nervo vago associada à reabilitação intensiva, aprovada pela Food and Drug Administration (FDA) dos EUA em 2021, não existe nenhum tratamento para restaurar perdas funcionais em pacientes com AVC isquêmico crônico.

Há 24 anos, o Dr. Gary e sua equipe desenvolveram um produto composto por células-tronco neurais derivadas de embriões humanos (células NR1). Dados pré-clínicos em diferentes modelos provenientes deste e de outros laboratórios mostraram que o transplante de células-tronco pode intensificar a recuperação de pacientes com AVC.

Vinte anos depois, a FDA aprovou o atual estudo de fase 1/2a em humanos.

Os 18 pacientes participantes tinham entre 18 e 75 anos e haviam sofrido um AVC isquêmico subcortical na região da artéria cerebral média em um intervalo de seis meses a cinco anos antes do início da pesquisa. Além disso, eles apresentavam escore de Rankin modificado de 3 ou 4, tinham déficit motor estável e haviam passado por reabilitação. Foram excluídos pacientes que apresentavam lesões isquêmicas com volume < 1 cm3 ou > 100 cm3 em imagens de ressonância magnética.

As células-tronco NR1 foram administradas por meio de um orifício de trepanação e injetadas estereotaticamente na área subcortical peri-infarto enquanto os pacientes estavam acordados. O estudo do tipo aberto, no qual foram aplicadas doses progressivamente maiores (2,5, 5, 10 e 20 milhões de células), também foi composto de uma fase de imunossupressão com tacrolimo durante oito semanas. A fisioterapia foi incentivada, mas não era obrigatória.

Fonte: Cadastro Medscape