Gravidez de gêmeos ou múltiplos: cuidados ajudam a reduzir os riscos

Apesar de a gestação gemelar ser muito desejada, ela pode trazer perigos em dobro
Os sintomas de gravidez de gêmeos costumam ser mais intensos do que uma gestação de um bebê. “Aumentam os hormônios, o peso, a distribuição de nutrientes, o fluxo de sangue, entre outros. O ser humano foi feito para gerar um bebê, quando há um a mais, é uma sobrecarga para o organismo”, pondera a obstetra Barbara Murayama, titulada pela Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo). Por isso, ela é considerada uma gestação de risco, mesmo sendo tão desejada.
Por isso mesmo, existem mais riscos para as mães, como a pré-eclâmpsia (ou seja, pressão mais alta na gravidez), diabetes, anemia… Já o bebê pode nascer prematuro, entre outros problemas. “O fator que mais explica isso é que o útero é um músculo que vai sendo distendido até o máximo, quando ele começa a contrair até o desencadeamento do parto. Na gravidez gemelar é comum que esta distensão máxima ocorra antes do tempo e o parto seja antes de 37 semanas”, relata a ginecologista Silvia Herrera. Mas não precisa se desesperar se o ultrassom avisar que dois ou mais bebês estão a caminho. Confira alguns cuidados que evitam que os riscos impeçam o sucesso da sua maternidade.
Invista no pré-natal – A melhor forma de controlar os riscos é observando a gravidez bem de perto. E quando isso é feito por olhos de especialistas, melhor ainda! Se prepare, pois suas visitas ao obstetra também vão dobrar. “Normalmente, no início da gestação temos uma consulta de rotina por mês, mas em caso de gemelaridade, desde o início temos um pré-natal mais intensivo, com pelo menos duas consultas ao mês”, contabiliza o ginecologista Augusto Bussab.
Fique de olho na pressão – A elevação da pressão sanguínea é muito mais propensa nesse tipo de gestação, 25% das gestantes de múltiplos apresentam a condição de pré-eclâmpsia, que acarreta também em perda de proteínas pela urina. Sabemos que a hipertensão específica tem relação com os hormônios da placenta. Em uma gestação com mais de um bebê existem duas placentas, no caso de bizigóticos, ou mesmo uma maior que o normal quando eles são monozigóticos e dividem a mesma, ensina a obstetra Barbara Murayama. Isso acarreta em acompanhamento de perto e cuidados especiais, que incluem dieta com menos sal e mais proteínas, atividade física monitorada e ganho de peso adequado.
Alimente-se de forma saudável – Para controlar o ganho de peso, nada melhor do que escolher bem os alimentos. Para a obstetra Bárbara, o ideal é seguir as recomendações normais de uma alimentação balanceada, fracionando as refeições, comendo de forma leve. “A gravidez é um ótimo motivo para melhorar a dieta durante e depois”, comenta a especialista. Alimentos ricos em fibras, por exemplo, são uma boa pedida, por reduzir a absorção da glicemia e não favorecer o desenvolvimento da diabetes gestacional. Reduzir o sódio e aumentar as proteínas é bom para equilibrar os sintomas da pré-eclâmpsia também.
Observe bem as atividades físicas – Normalmente o recomendado é que a grávida que praticava exercícios antes da gestação continue no mesmo ritmo. Mas como a gravidez de múltiplos é considerada de risco, mais cuidados são necessários. “Nesses casos, diminuímos um pouco. É aconselhável evitar atividades de impacto ou que possam ocasionar perda de equilíbrio, como luta e bicicleta e preferir caminhadas e hidroginástica”, orienta Bárbara. Mas caso apareçam riscos de aborto, como cólicas e sangramentos, o repouso se torna prioridade.
Esteja ciente dos possíveis riscos – Saber quais riscos esperam seu bebê, ajuda você a se cuidar mais. O mais perigoso é a transfusão feto-fetal ocorre apenas em bebês univitelinos, que dividem as mesmas estruturas dentro do útero. “Um bebê passa a ‘doar’ sangue ao outro, ficando anêmico e com pouco líquido. O outro, por receber em excesso, tem aumentada a produção de líquido amniótico e pode ter insuficiência cardíaca”, explica Silvia Herrera. Nesses casos, há apenas 10% de chances de sobrevivência, e mesmo assim podem haver problemas neurológicos graves. Mas não precisa ficar muito preocupada, normalmente isso é observado de perto pelo médico e percebido logo no começo pelos ultrassons.
Fonte: Portal Minha Vida