Terapia com células-tronco para animais pode até evitar cirurgias

No ano passado, após uma série de incêndios no Pantanal, o noticiário informou que uma onça-pintada batizada de Amanad vinha se recuperando bem após receber injeções de células-tronco para tratar suas queimaduras. A terapia celular já é usada em animais há mais de 20 anos. Mas ainda é pouco difundida, e, embora muitos tutores não saibam, está à disposição também de seus pets em clínicas da região, a preços que podem ser compensadores se comparados aos gastos com remédios e cirurgias — que podem ser evitados graças ao método.
Células-tronco são capazes de se diferenciar e produzir outras células do organismo. Por isso, são consideradas especiais. Seu uso tem diversas indicações: elas podem ser úteis para tratar lesões articulares, oculares, crônicas ou que não fecham, doenças renais, sequelas de cinomose, processos inflamatórios e problemas de pele, entre outros males, e para a recuperação no pós-operatório.
“A eficácia da terapia depende da patologia. As doenças osteoarticulares apresentam uma melhora expressiva. Ele também regenera as células vermelhas. Úlceras e lesões de pele têm 100% de cura. O objetivo na verdade é melhorar a qualidade de vida do paciente. Não pensamos somente na cura”, explica a veterinária, Paula Abreo.
Paula explica que primeiro o animal é avaliado para que seja estipulada a quantidade de sessões. Uma úlcera de córnea, por exemplo, pode ser resolvida com apenas uma sessão. Os resultados, diz ela, muitas vezes aparecem já nas primeiras 24h horas.
“Essa terapia é incrível e muitas pessoas não sabem. Acham que é muito cara, mas, se fizerem a conta, acabam gastando muito mais com medicamentos. Uma sessão custa cerca mil reais, dependendo do peso do animal e da doença. Para ter uma boa resposta, geralmente são necessárias de uma a três sessões”, diz.
A servidora pública federal Mônica de Barros Nascimento conheceu a terapia em Brasília e, quando já pensava em permitir a amputação de uma das patas de seu gato, que tinha uma ferida crônica, recorreu a ela. Após as injeções com células-tronco, conta, o bichano não só se curou da ferida como teve sua taxa de glicose normalizada e não precisou mais tomar insulina. Ele também passou a se alimentar melhor e recobrou o ânimo. Agora, ela recorreu novamente ao tratamento, para seu cão Frederico.
Silvia explica que as terapias regenerativas ainda são pouco abordadas nas universidades, o que também dificulta sua popularização. “É uma pena, porque uma operação de hérnia de disco, por exemplo, pode ser substituída por uma aplicação de células-tronco. O tratamento é natural, baseado no funcionamento do organismo. Não usa drogas e não produz efeitos colaterais. As células-tronco usadas são extraídas de tecidos animais que seriam descartados, como cordão umbilical, placenta e gordura retirada durante uma castração, e cultivadas em laboratório. A única contraindicação para seu uso é se o animal tiver câncer ou uma infecção sistêmica”, explica.
Ela diz que em até dez dias é possível observar os resultados.
“Tratei um golden retriever que tinha dermatite atópica e há anos tomava medicamente de uso contínuo, sem melhora na qualidade de vida. O tutor gastava uma fortuna mensalmente e, quando resolveu fazer o tratamento, o cão ficou bom após duas aplicações. Ele já está há quatro anos curado e sem remédios”, celebra.
O golden a que ela se refere é Zen, que tinha dois anos quando recebeu o diagnóstico de dermatite atópica. Sua tutora, a estudante de veterinária Angela Inojosa Pereira Pinto, estava insatisfeita com o tratamento proposto antes de procurar o tratamento com células-tronco:
“Ele não tinha qualidade de vida, não podia passear na praia, num gramado ou num jardim. Vivia numa bolha. Até a comida tinha que ser específica para aquele problema”.
Fonte: Portal Yahoo