Estudo com células-tronco ajuda a decifrar a maior chance de leucemia em pessoas com síndrome de Down

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A tecnologia de iPSCs, ou células-tronco pluripotentes induzidas, permitiu a cientistas de um instituto de pesquisa americano obter células endoteliais de pessoas com síndrome de Down e estudar seu papel no desenvolvimento de leucemias. A equipe descobriu que a expressão de certos genes é alterada nestas células, logo, estes genes podem ser novos alvos terapêuticos para leucemia, mesmo em pessoas sem a síndrome.

O corpo humano possui 46 cromossomos, sendo que 23 vem do pai e 23 vem da mãe.  Na hora da fecundação, os cromossomos do pai encontram os cromossomos da mãe, formando pares. A síndrome de Down é causada pela presença de três cromossomos número 21 em todas ou na maior parte das células de um indivíduo. As pessoas com essa síndrome, também chamada de trissomia do cromossomo 21, têm 47 cromossomos em suas células em vez de 46, como a maior parte da população.

Além de uma série de outros problemas clínicos que podem apresentar, as pessoas com síndrome de Down têm um risco aumentado de desenvolvimento das leucemias agudas. Sabe-se que 1 a cada 150 crianças com a trissomia desenvolve problemas na produção dos glóbulos brancos, as células responsáveis por combater vírus e bactérias no organismo. Nos primeiros três anos de vida, a leucemia mieloide aguda é a forma mais comum. Depois, aproximadamente 80% dos casos são de leucemia linfocítica. As causas, no entanto, ainda não foram completamente elucidadas.

Em busca de pistas sobre por que pessoas com síndrome de Down têm maior prevalência de leucemia, cientistas do Instituto de Pesquisa Infantil Stanley Manne do Hospital Infantil Ann & Robert H. Lurie de Chicago, nos EUA, foram os primeiros a olhar para as células endoteliais – células presentes nos vasos sanguíneos – sob a hipótese de que elas podem desempenhar um papel importante nessa situação clínica. O estudo usou amostras de pele de pacientes com síndrome de Down para criar células-tronco pluripotentes induzidas (iPSCs), que foram então diferenciadas em células endoteliais.

Os cientistas identificaram um novo conjunto de genes que são super expressos em células endoteliais de pacientes com síndrome de Down. Isso cria um ambiente propício à leucemia, que se caracteriza pelo desenvolvimento e proliferação descontrolada de células sanguíneas. As descobertas da equipe, publicadas na revista Oncotarget, apontam para novos alvos potenciais para o tratamento e possivelmente a prevenção da leucemia em pessoas com síndrome de Down e na população em geral. Os resultados do estudo mostraram que há um aumento da expressão de genes promotores de leucemia e diminuição da expressão de genes envolvidos na redução da inflamação. Esses genes não foram localizados no cromossomo 21, o que os torna potenciais alvos terapêuticos para leucemia, mesmo para pessoas sem síndrome de Down.

Segundo os pesquisadores, foi graças aos avanços na tecnologia de iPSCs que tiveram a oportunidade de estudar as células endoteliais, que não são facilmente obtidas de forma direta dos pacientes. Eles acreditam que a descoberta pode abrir novos caminhos para a pesquisa do câncer.

Referências

Perepitchka, M. et al. Down syndrome iPSC model: endothelial perspective on tumor development. Oncotarget 11 (2020) 3387-3404.

https://medicalxpress.com/news/2020-09-insights-people-syndrome-higher-leukemia.html

O que é

Síndrome de Down e leucemia de mãos dadas