Blog

CLASSIC LIST

HIV.png

Um relatório recente publicado pela Scientific American revelou uma notícia promissora: um paciente com HIV/AIDS foi curado após receber um transplante de células-tronco. Essa descoberta traz esperança, mas também muitas perguntas. Afinal, este não é o primeiro caso em que alguém é declarado livre do HIV após esse tratamento arriscado. Identificado pela primeira vez há mais de 40 anos, o HIV continua a ser um desafio na medicina moderna.

O que torna esse tratamento tão especial? E quais são os avanços que a ciência tem feito para encontrar uma cura definitiva para o HIV? Vamos explorar essas questões e entender melhor os mecanismos por trás dessas novas descobertas.

Como Funciona o Tratamento com Células-Tronco para o HIV?

O tratamento com células-tronco que resultou na cura do HIV envolve um processo complexo e arriscado. Basicamente, ele se baseia na substituição das células infectadas do paciente por células-tronco doadas, que têm resistência natural ao vírus. Este procedimento é conhecido como transplante de medula óssea.

Mas por que as células-tronco doadas são resistentes ao HIV? A resposta está em uma mutação genética, conhecida como CCR5-delta 32, que impede o vírus de entrar nas células. Portanto, quando o paciente recebe um transplante de uma pessoa que possui essa mutação, o vírus não consegue se replicar efetivamente.

Qual é o Futuro da Cura do HIV?

Os pesquisadores continuam buscando métodos mais seguros e eficazes para curar o HIV. Além dos transplantes de células-tronco, outras abordagens incluem:

  • Edicação Gênica: Técnicas como CRISPR estão sendo testadas para eliminar o HIV do DNA humano.
  • Imunoterapias: Terapias que fortalecem o sistema imune do paciente para combater o vírus.
  • Vacinas Terapêuticas: Desenvolvidas para ajudar o corpo a controlar o vírus sozinho.

Apesar dos desafios, o progresso é claro, e a esperança de uma cura definitiva para o HIV nunca foi tão real. Com cada descoberta, estamos um passo mais perto de transformar essa esperança em realidade.

Fonte: Estudo revela novas possibilidades para o tratamento do HIV (istoe.com.br)


images-2.jpeg

Um novo estudo demonstrou o potencial da terapia com células-tronco para tratar pessoas com doença de Hirschsprung

Um novo estudo liderado por pesquisadores da UCL e da Universidade de Sheffield, demonstrou o potencial da terapia com células-tronco para tratar pessoas com doença de Hirschsprung. A doença de Hirschsprung é uma condição rara em que algumas células nervosas estão ausentes no intestino grosso. Isso significa que o intestino não se contrai e não pode mover as fezes, o que significa que pode ficar bloqueado. Isso pode causar constipação e, às vezes, levar a uma infecção intestinal grave chamada enterocolite.

Cerca de 1 em cada 5000 bebês nascem com a doença de Hirschsprung. A condição geralmente é detectada logo após o nascimento e tratada com cirurgia o mais rápido possível, no entanto, os pacientes frequentemente sofrem sintomas debilitantes e ao longo da vida, com vários procedimentos cirúrgicos frequentemente necessários.

Opções alternativas de tratamento são, portanto, cruciais. Uma opção que tem sido explorada pelos pesquisadores envolve o uso de terapia com células-tronco para gerar precursores de células nervosas, que então produzem os nervos ausentes no intestino daqueles com doença de Hirschsprung após o transplante. Isso, por sua vez, deve melhorar a funcionalidade do intestino.

No entanto, este procedimento não foi realizado em tecido humano de pessoas com doença de Hirschsprung até agora. A pesquisa, publicada na Gut e financiada pelo Conselho de Pesquisa Médica, é um esforço colaborativo entre pesquisadores da UCL e da Universidade de Sheffield, que começou em 2017.

Pesquisadores da Universidade de Sheffield se concentraram na produção e análise de precursores nervosos a partir de células-tronco. Estes foram então enviados para a equipe da UCL, que preparou o tecido intestinal do paciente, realizou o transplante e a manutenção do tecido e, em seguida, testou a função dos segmentos de tecido.

O estudo envolveu a coleta de amostras de tecido doadas por pacientes GOSH com doença de Hirschsprung como parte de seu tratamento de rotina, que foram então cultivadas em laboratório. As amostras foram então transplantadas com precursores de células nervosas derivadas de células-tronco, que então se desenvolveram nas células nervosas cruciais dentro do tecido intestinal.

É importante ressaltar que as amostras de intestino transplantadas mostraram maior capacidade de contração em comparação com o tecido controle, sugerindo melhor funcionalidade do intestino naqueles com a doença.

O investigador principal, Dr. Conor McCann (UCL Great Ormond Street Institute of Child Health) disse: “Este estudo é um verdadeiro avanço em nosso trabalho de terapia celular para a doença de Hirschsprung. Isso realmente mostra o benefício de reunir a experiência de diferentes grupos, o que esperamos beneficiar crianças e adultos que vivem com a doença de Hirschsprung no futuro.

O Dr. Anestis Tsakiridis, pesquisador principal da Universidade de Sheffield, disse: “Esta foi uma colaboração fantástica, liderada por dois talentosos cientistas em início de carreira, Dr. Ben Jevans e Fay Cooper. Nossas descobertas lançaram as bases para o futuro desenvolvimento de uma terapia celular contra a doença de Hirschsprung e continuaremos nossos esforços para trazer isso para a clínica nos próximos anos.”

Os resultados deste estudo demonstram pela primeira vez o potencial da terapia com células-tronco para melhorar a funcionalidade do intestino em pessoas com doença de Hirschsprung, o que, por sua vez, pode levar a melhores sintomas e melhores resultados para indivíduos com a doença.

Os pesquisadores agora solicitarão mais financiamento para ensaios clínicos para desenvolver esse tratamento.

Fonte: Importante passo em frente na terapia com células estaminais para doenças intestinais raras | Diário da Ciência (sciencedaily.com)


como-funciona-a-fertilizacao-invitro-1200x597.jpg

Mais de 8 milhões de bebês nasceram com essa tecnologia só nos Estados Unidos

Se você falar com um grupo de 100 pessoas nascidas nos Estados Unidos, é provável que duas delas tenham nascido como resultado de Fertilização in Vitro (FIV), de acordo com o Zev Williams, diretor do Centro de Fertilidade da Universidade de Columbia.

“Em muitos aspectos, a Fertilização in Vitro é na verdade um dos grandes triunfos dae mdicina moderna (…) Uma coisa que é útil saber é o quão comum ela é. Cerca de 2% dos nascimentos nos EUA são resultado de Fertilização in Vitro: mais de 8 milhões de bebês nasceram com essa tecnologia”, afirma.

Outra tecnologia importante para o processo de Fertilização in Vitro é a criopreservação do embrião, que é o congelamento após a fertilização do óvulo. A Suprema Corte do Alabama decidiu na última sexta-feira (16) que embriões congelados são crianças e seriam protegidos pela Lei estadual de Morte Injusta de uma Criança.

A decisão sem precedentes da Suprema Corte do Alabama sobre embriões congelados pode afetar os tratamentos de Fertilização in Vitro, alertam os críticos. Enquanto os especialistas em infertilidade alertam sobre o impacto da reprodução assistida falhada, outros especialistas falaram com a CNN para compartilhar o que as pessoas devem saber sobre a Fertilização in Vitro e o congelamento de óvulos.

O que é Fertilização in Vitro?

A Fertilização in Vitro ocorre quando um óvulo é removido do corpo de uma mulher e combinado com o esperma em um laboratório antes de ser implantado, explica Eve Feinberg, professora associada de obstetrícia e ginecologia na Feinberg School of Medicine, Northwestern University.

Para conseguir isso, os pacientes são submetidos a injeções de fertilidade de oito a 10 dias com hormônios que ajudam seus óvulos a amadurecerem, diz Mamie McLean, especialista em infertilidade da Alabama Fertility em Birmingham. Os procedimentos de retirada de óvulos são realizados em regime ambulatorial ou hospitalar e, às vezes, sob sedação consciente, acrescenta McLean.

Após a fertilização, os médicos observam o desenvolvimento dos embriões. Feinberg diz que o que se vê com frequência é que a reprodução humana é realmente ineficiente.

Se 10 óvulos forem expostos ao esperma, cerca de sete serão fertilizados, observa ele. Desses sete, apenas 25% a 50% crescerão em laboratório por tempo suficiente para serem considerados um embrião mais maduro chamado blastocisto, acrescenta Feinberg.

A partir daí, dependendo da idade do paciente, o blastocisto tem entre 10% e 60% de chance de virar bebê, afirma.

Quando a Fertilização in Vitro é útil?

A Fertilização in Vitro foi desenvolvida pela primeira vez na década de 1970 para ajudar mulheres que bloquearam as trompas de falópio, a parte do sistema reprodutivo onde convergem o espermatozoide e o óvulo, diz McLean.

Desde então, foi expandido para ajudar a concepção em muitos outros contextos, como para pessoas com abortos recorrentes, infertilidade masculina, aquelas que utilizam barriga de aluguel e aquelas para quem outros tratamentos de fertilidade falharam, acrescenta. “É o nosso tratamento de maior sucesso”, diz McLean.

A tecnologia também permitiu que casais com doenças genéticas testassem os seus embriões e transferissem apenas aqueles que não seriam afetados por essas doenças, diz Williams.

Por que congelar embriões?

Congelar embriões é útil para testes genéticos, diz Feinberg.

Os médicos coletam amostras de células de embriões para testá-los em busca de doenças ou anomalias genéticas, mas esses testes podem levar de duas a quatro semanas para serem realizados, observa ele. Enquanto isso, o congelamento dos óvulos os mantém viáveis ​​enquanto os profissionais de saúde investigam os fatores genéticos.

As pacientes também podem optar por congelar os embriões quando não pretendem engravidar imediatamente, explica Feinberg. Geralmente há taxas de sucesso mais altas quando os embriões fertilizados são congelados, e não apenas o óvulo, acrescenta.

Também podem fazer a FIV por razões médicas, como antes da quimioterapia para o tratamento do câncer, que pode danificar os ovários. Ou também porque não estão na fase certa da vida para conceber, mas querem ter mais hipóteses de engravidar no futuro, diz Feinberg.

Se um ciclo de Fertilização in Vitro resultar em vários embriões, congelá-los pode manter aqueles que não foram implantados viáveis ​​para uso futuro, diz McLean.

E embora no passado fosse comum implantar vários embriões, o congelamento de embriões permite aos médicos preservarem os outros para uso futuro, para que um embrião possa ser implantado de cada vez, o que é muito mais seguro para o paciente e para o futuro bebê, explica Williams.

Por que não fertilizar apenas um óvulo?

“A ciência por trás da Fertilização in Vitro realmente mostra que um único óvulo fertilizado não é suficiente”, diz Feinberg.

Se as suas pacientes dizem que querem dois ou três filhos, Feinberg incentiva o congelamento de dois a quatro embriões para cada um, diz ele.
Quando um embrião congelado é aquecido para implantação, há uma taxa de sobrevivência de cerca de 95%, o que significa que 5% não sobreviverão, detalha Feinberg.

A maioria das pacientes necessita de pelo menos duas ou três transferências antes de engravidar, acrescenta McLean.

Os médicos agora tentam limitar o número de vezes que recuperam óvulos e estimulam os ovários de uma paciente porque isso acarreta riscos à saúde e custos consideráveis, observa ele.

Mas as famílias podem optar por limitar o número de óvulos fertilizados para criar embriões e, antes de se submeterem à Fertilização in Vitro, falar com o seu médico sobre as suas considerações morais e éticas pessoais, esclarece McLean.

Fonte: Fertilização in Vitro: o que é e quando é recomendada? | CNN Brasil


diabetes-celulas-trono-insulina-1200x700.jpg

Um novo método desenvolvido por pesquisadores da Universidade de Alberta, no Canadá, aprimorou o processo de criação de células produtoras de insulina a partir de células-tronco. Segundo o estudo, agora é possível produzir as células desejadas a uma taxa de 90%.

Antes, o método utilizado gerava apenas 60% das células-alvo. De modo geral, a ideia é que isso se torne um tratamento sem injeções para pessoas diabéticas. Aquelas com com diabetes tipo 1 não possuem células funcionais das ilhotas do pâncreas para produzir insulina. Por isso, devem tomá-la constantemente por meio de injeções ou de uma bomba contínua.

Apenas assim conseguem manter o funcionamento adequado do organismo, controlando a quantidade de açúcar no sangue e convertendo glicose em energia para as células. “O que estamos tentando fazer aqui é olhar além do horizonte e tentar imaginar como será o cuidado com o diabetes daqui a 15, 20, 30 anos”, afirmou James Shapiro, autor do estudo.

“Eu não acredito que as pessoas estarão mais injetando insulina, usando bombas e sensores”, completou. Os resultados do estudo foram publicados em artigo na revista Cell. Diversos cientistas estão na busca pela compreensão e viabilização de tratamentos para diabetes tipo 1 que utilizam células-tronco.

Recentemente, três pessoas alcançaram a independência da insulina injetável após receberem um transplante de células produtoras do hormônio, geradas a partir de células-tronco.

Entenda a nova pesquisa

Primeiramente, os cientistas coletaram células-tronco do sangue de um paciente com diabetes. Em seguida, eles utilizam processos químicos que direcionam o desenvolvimento delas para que se tornem células produtoras de insulina, como as do pâncreas. A este mecanismo, eles chamam de “diferenciação direcionada”.

Depois, os pesquisadores trataram essas células com um medicamento anti-tumoral conhecido como inibidor AKT/P70 AT7867. Isso resultou em uma eficiência maior na “diferenciação direcionada”.

Além disso, as células resultantes do processo eram menos propensas a produzir cistos indesejados, que podem prejudicar a produção do hormônio. Por fim, quando foram transplantadas em ratos de laboratório, as células também controlaram a glicose no sangue sem necessidade de injeções de insulina durante um tempo.

Agora, a equipe de pesquisadores espera eliminar as últimas barreiras do processo, fazendo com que o método alcance 100% de conversão em células pancreáticas funcionais.

O avanço na ciência

Mais estudos de segurança e eficácia precisarão ser realizados antes que ensaios clínicos, nos quais o transplante dessas células será feito em humanos.

Contudo, os pesquisadores envolvidos acreditam que utilizar o próprio sangue do paciente para cultivar células que produzem insulina é um avanço na viabilidade do tratamento. Isso porque, da maneira como é feito hoje, as pessoas que recebem essas células doadas devem tomar medicamentos anti-rejeição durante toda a vida.

Fazendo esse processo do próprio sangue do paciente, talvez isso não seja necessário, eles acreditam.

Fonte: Diabetes: estudo traz tratamento sem injeção com células-tronco (uol.com.br)


coleta-e-armazenamento-de-celulas-tronco-como-escolher-um-laboratorio-confiavel-img-7555-gazeta24h.com_-1200x674.jpg

Tratamento foca nas células-tronco de forma menos tóxica e mais eficaz. A abordagem se mostrou bastante eficiente em pacientes com idade avançada e em debilitados. Foi utilizado o interferon tipo II (IFNy), substância naturalmente produzida pelo sistema imunológico

Cientistas da City of Hope, instituição líder em pesquisa e tratamento do câncer nos Estados Unidos, anunciaram uma descoberta promissora na luta contra a leucemia. Publicado, na revista Blood, o estudo revela uma abordagem inovadora, testada em tecido humano e animais, para combater as células-tronco da leucemia mieloide aguda (LMA), conhecidas por sua resistência aos tratamentos convencionais e propensão à recidiva.

Essa nova estratégia terapêutica, desenvolvida pela equipe, visa as células-tronco da leucemia de forma menos tóxica e potencialmente mais eficaz. A abordagem é especialmente boa para pacientes mais velhos e debilitados que não podem se submeter a transplantes de células-tronco, atualmente a única cura disponível para a LMA.

O cerne da inovação reside no interferon tipo II (IFNy), uma substância naturalmente produzida pelo sistema imunológico que perturba a capacidade das células-tronco da leucemia de se multiplicarem e disseminarem a doença. No entanto, o desafio estava em superar o estímulo do IFNy à proteína CD38, que suprime a resposta imunológica do corpo.

Os pesquisadores desenvolveram um anticorpo denominado CD38-BIONIC, que atua como uma ponte entre as células T do sistema imunológico e as células estaminais da leucemia que expressam CD38. A conexão permite que o sistema imunológico ataque seletivamente as células cancerígenas, sem danificar as estruturas saudáveis do sangue ou as células imunológicas. A abordagem não danificou células-tronco sanguíneas saudáveis ou células imunológicas em tecidos humanos, ou modelos de camundongos com LMA.

“O CD38 foi explorado com sucesso como alvo terapêutico no mieloma múltiplo e outras formas de leucemia”, frisou, em nota, Flavia Pichiorri. “No entanto, como as células estaminais da LMA são principalmente CD38 negativas, os cientistas não priorizaram o CD38 como alvo terapêutico para a leucemia mieloide aguda recidivante.”

Para John Williams, coautor do estudo e professor da City of Hope, o formato compacto do BIONIC leva a um ponto de conexão eficiente do sistema imunológico com a explosão positiva para CD38. “O que impulsiona a produção de IFNy. As células-tronco da leucemia reagem ao IFNy, pintando-se com CD38, o que, por sua vez, permite que sejam alvo do CD38-CD3 BIONIC.”

Marcucci completou afirmando que o novo mecanismo e o direcionamento da abordagem local permitirão eliminar células-tronco de leucemia que poderiam estar adormecidas. “A nossa esperança e nosso objetivo são que a erradicação das células estaminais da leucemia diminua e até elimine o risco de recidiva da doença em pacientes com LMA, mas é necessário fazer muito mais investigação para traduzir a nossa investigação pré-clínica em tratamento humano.”

Phillip Scheinberg, chefe da hematologia do Centro de Oncologia e Hematologia da Beneficência Portuguesa de São Paulo, detalha que a estratégia torna visível para o sistema de defesa células que antes não poderiam ser notadas. “Você tira o esconderijo, tira a capacidade da célula se tornar invisível, a partir daí o anticorpo vem e mata essa célula que antes não conseguiria eliminar.”

O especialista reforça a necessidade de testes mais amplos. “Essa tecnologia foi avaliada em modelo animal. Eventualmente vai ser testada em humanos, mas é uma estratégia bem interessante, diferente, e mostra a robustez e a diversidade em que esses anticorpos que têm.”

Segundo a publicação, o resultado abre novas perspectivas no tratamento da LMA, oferecendo esperança para pacientes que lutam contra a doença. Embora seja necessário mais pesquisa para traduzir esses resultados em tratamentos humanos, a descoberta representa um avanço significativo na batalha contra a leucemia.

Vantagens

“Se aplicada em humanos, a principal vantagem da abordagem é de ser um tratamento específico. Em geral para esses casos, são utilizados quimioterapia e transplante de medula óssea. As células normais são muito danificadas nesses tratamentos, uma vez que radioterapia e quimioterapia não são (terapias) específicas. Quando você tem um alvo, no caso o CD38, diminuem também os efeitos adversos e colaterais nas células normais do paciente, fazendo com que o tratamento seja mais específico, aumentando a efetividade, pois está destruindo apenas a ‘célula de interesse’ e com menor chance de efeitos adversos sistêmicos, ou seja, no restante das células que não são de leucemia.”

Renato Cunha, hematologista e líder do Programa de Terapia Celular da Oncoclínicas


baixados-1.jpg

Resultados preliminares de um estudo inédito em seres humanos realizado por cerca de 20 anos sugerem que o transplante de células-tronco neurais é seguro e, após um mês, melhora a função motora em pacientes com acidente vascular cerebral (AVC) isquêmico crônico.

Quase todos os pacientes apresentaram alguma melhora em um desfecho primário de eficácia baseado na alteração do escore motor total na escala de Fugl-Meyer. Após 12 meses, 8 dos 12 pacientes tiveram melhora ≥ 10 pontos (considerada clinicamente significativa), e três deles atingiram esse mesmo ponto de corte em um intervalo temporal ainda menor.

“Os pacientes apresentaram melhoras após um mês, melhoraram ainda mais com três meses [de tratamento] e tinham quadros estáveis aos seis meses. Então, observamos algo que nunca havia sido visto em nenhum dos estudos anteriores realizados em pacientes transplantados: uma intensificação da recuperação entre 6 e 12 meses, com melhora média de 11,8 pontos (versus 9,3 pontos aos seis meses [de tratamento])”, disse o médico e pesquisador Dr. Gary K. Steinberg, Ph.D., codiretor no Stanford Stroke Center da Stanford University School of Medicine, nos EUA.

Os achados foram apresentados em 4 de maio na Reunião Anual de 2024 da American Association of Neurological Surgeons (AANS).

Poucas opções de tratamento

Atualmente, com exceção da estimulação do nervo vago associada à reabilitação intensiva, aprovada pela Food and Drug Administration (FDA) dos EUA em 2021, não existe nenhum tratamento para restaurar perdas funcionais em pacientes com AVC isquêmico crônico.

Há 24 anos, o Dr. Gary e sua equipe desenvolveram um produto composto por células-tronco neurais derivadas de embriões humanos (células NR1). Dados pré-clínicos em diferentes modelos provenientes deste e de outros laboratórios mostraram que o transplante de células-tronco pode intensificar a recuperação de pacientes com AVC.

Vinte anos depois, a FDA aprovou o atual estudo de fase 1/2a em humanos.

Os 18 pacientes participantes tinham entre 18 e 75 anos e haviam sofrido um AVC isquêmico subcortical na região da artéria cerebral média em um intervalo de seis meses a cinco anos antes do início da pesquisa. Além disso, eles apresentavam escore de Rankin modificado de 3 ou 4, tinham déficit motor estável e haviam passado por reabilitação. Foram excluídos pacientes que apresentavam lesões isquêmicas com volume < 1 cm3 ou > 100 cm3 em imagens de ressonância magnética.

As células-tronco NR1 foram administradas por meio de um orifício de trepanação e injetadas estereotaticamente na área subcortical peri-infarto enquanto os pacientes estavam acordados. O estudo do tipo aberto, no qual foram aplicadas doses progressivamente maiores (2,5, 5, 10 e 20 milhões de células), também foi composto de uma fase de imunossupressão com tacrolimo durante oito semanas. A fisioterapia foi incentivada, mas não era obrigatória.

Segundo o Dr. Gary, o último paciente será transplantado em maio de 2024.

Fonte: Cadastro Medscape


baixados.jpeg

Gunner Lewis-Vale, que sofre com mucopolissacaridose tipo I desde os 17 meses de vida, teve o procedimento realizado a partir do sangue do cordão umbilical de um bebê

Uma criança de cinco anos conseguiu sair de casa pela primeira vez, em seis meses, após passar por um transplante bem-sucedido de células-tronco, na Inglaterra. O procedimento foi feito a partir do sangue do cordão umbilical de um bebê, informou o jornal britânico Daily Mirror. O inglês Gunner Lewis-Vale sofre com uma doença genética rara desde os 17 meses de vida.

À época em que surgiram os primeiros sinais da condição de saúde do garoto, seus pais, Holly e Jamie, foram informados de que, sem a cirurgia, ele viveria somente por um ou dois anos. Um transplante anterior, com um doador da Alemanha , já havia sido feito, mas não obteve sucesso.

O procedimento mais recente tinha o objetivo de estender e melhorar a qualidade de vida de Gunner, morador da cidade de Shropshire, usando amostras de um cordão umbilical doado há 15 anos e congelado em vapor de nitrogênio líquido a – 150ºC.

Após o transplante, feito em janeiro, Gunner precisou se isolar por seis meses para que seu sistema imunológico tivesse tempo de construir glóbulos brancos suficientes para combater naturalmente a infecção.

A mãe Holly, de 34 anos, conta que, agora, o filho pode aproveitar o verão europeu e tem se divertido pela cidade onde vivem com a irmã Daisy, de sete anos.

— Nós nos aventuramos no parque, na pista de skate, passeamos com o cachorro, corremos para a escola com sua irmã mais velha e saímos para alimentar os patos. A personalidade atrevida de Gunner está voltando. Ele é um garoto inteligente com um vínculo incrível com a irmã. Somos eternamente gratos à incrível mãe que doou o cordão umbilical de seu bebê — relatou Holly em entrevista ao Mirror.

Gunner tem a forma mais grave de mucopolissacaridose tipo I, uma condição hereditária rara que impede a quebra de certos açúcares no corpo. O acúmulo de substâncias pode gerar problemas no desenvolvimento físico e mental. Ele recebeu o diagnóstico da doença em março de 2021. O primeiro sintoma apresentado pelo garoto foi um umbigo saliente, que se dava por conta do acúmulo de açúcares em seu fígado e baço.

Após o transplante, a família do menino tem apoiado o apelo do NHS Blood and Transplant, órgão do Departamento de Saúde e Assistência Social do Reino Unido responsável por coletar sangue e outros tecidos, para que mais pessoas se registrem como doadores de células-tronco no país.

— Os glóbulos brancos do doador, esperançosamente, produzirão a enzima que lhe faltava, que decompõe o açúcar — explicou a mãe do garoto.

Guy Parkes, chefe de doação de células-tronco do NHS Blood and Transplant, endossa o pedido.

— Estamos felizes em ver Gunner brincando lá fora. Os transplantes de células-tronco só são possíveis graças à generosidade dos doadores — finalizou.

Fonte: Criança com doença genética rara recebe transplante de células-tronco na Inglaterra (globo.com)


images-8.jpg

Os diversos problemas de saúde vividos por Lesley Maston puderam ser superados graças à ação de suas irmãs

Duas irmãs mais novas doaram um rim e células tronco para garantir a sobrevivência da irmã mais velha. Lesley Maston, atualmente com 60 anos, recebeu o diagnóstico de leucemia linfoblástica aguda rara dez anos atrás, seguida de outras complicações graves de saúde e durante esse tempo pôde contar com a ajuda de Carole e Susan.

A moradora de Merseyside, na Inglaterra, passou por todo o tratamento com quimioterapia e precisou receber um transplante de células-tronco, para que ela pudesse gerar novas células sanguíneas. Suas irmãs, indicadas como doadoras em potencial, prontamente se ofereceram.

Só foram necessárias as células de Susan, que se tornou a doadora principal e por isso precisou adiar todo o processo de fertilização in vitro (FIV) pelo qual iria passar. O transplante ocorreu com sucesso. Contudo, outra barreira se colocava no caminho da saúde de Lesley: um citomegalovírus (CMV), que se tornou um perigo para ela pois seu sistema imunológico estava enfraquecido.

“O vírus simplesmente me pegou. Minhas irmãs foram chamadas e disseram que eu poderia não sobreviver à noite, foi muito difícil. De alguma forma, eu sobrevivi, mas sei o quão perto cheguei de não estar aqui”, conta Lesley em entrevista ao Express.

Durante a recuperação, ela foi informada que seus rins estavam falhando provavelmente devido aos medicamentos usados para tratar a infecção causada pelo vírus. A partir disso, Lesley passou a fazer diálise todos os dias e após um período, os médicos sugeriram que ela fizesse um transplante. Suas irmãs se ofereceram para ajudá-la novamente.

“Susan queria me dar um de seus rins, mas eu disse ‘absolutamente não! ‘ depois que ela me deu suas células-tronco. Como você pode pedir a alguém que salvou sua vida uma vez para fazer isso de novo? Carole se ofereceu imediatamente também, mas eu disse a ela para pensar sobre isso. Era algo enorme para ela fazer. Eu queria que ela soubesse no que ela estava se envolvendo”, relembra.

Esta nova etapa durou três anos ao todo, pois o corpo da inglesa precisava se recuperar antes de passar por uma grande operação. Mas Carole não desistiu de ser uma doadora quando chegou a hora da cirurgia acontecer. Desta vez, o transplante foi bem sucedido e a saúde de Lesley se estabilizou com o novo rim provindo de sua irmã.

“Ela me devolveu minha qualidade de vida e me salvou também. Foi muito emocionante quando ela me viu pela primeira vez após o transplante. As lágrimas rolaram”, afirma Lesley.

Fonte: Irmãs mais novas doam rim e células tronco para manter a mais velha viva; entenda (globo.com)


parada-cardiaca.png

Nesta história, uma criança que sofreu uma parada cardíaca prolongada foi ressuscitada, mas permaneceu em estado vegetativo por causa da pausa no fluxo sanguíneo para o cérebro. Após uma infusão de seu próprio sangue do cordão umbilical, ele experimentou uma recuperação notável nos três anos seguintes, publicada na literatura médica.

Os eventos que levaram à parada cardíaca são o pior pesadelo de todos os pais: um garotinho na Alemanha, de 2,5 anos, era perfeitamente normal antes de adoecer. Ele foi internado no hospital após três dias de vômitos. O menino foi submetido a uma cirurgia e descobriu-se que uma alça de seu intestino havia se torcido, o que criou uma obstrução intestinal, que causou o vômito sem parar.

Uma parte de seu intestino morreu, causando uma infecção maciça que se espalhou para o sangue. Enquanto ele estava no hospital, o menino teve uma parada cardíaca. Demorou mais de 25 minutos e três rodadas de desfribrillação para restaurar seu pulso e circulação. Muito poucas crianças sobrevivem a uma parada cardíaca com duração superior a 13 minutos.

Infelizmente, embora o menino tenha sobrevivido à parada cardíaca, ele foi diagnosticado como estando em estado vegetativo persistente. As ressonâncias magnéticas cerebrais mostraram lesão grave por isquemia (falta de oxigênio). Os médicos escreveram que, em um caso como esse, o “prognóstico neurológico do paciente … era sinistro, se não sem esperança.”

Na melhor das hipóteses, essas crianças têm apenas uma consciência mínima de seus arredores em um acompanhamento quatro anos depois. Os pais estavam desesperados para tentar qualquer terapia, então entraram em contato com o Vita 34, o banco de sangue do cordão umbilical onde haviam armazenado o sangue do cordão umbilical de seu filho. Foram feitos arranjos, de acordo com os regulamentos médicos alemães, para que o menino recebesse uma infusão de seu próprio sangue do cordão umbilical.

Isso ocorreu nove semanas após a parada cardíaca, e a criança recebeu testes de acompanhamento até 40 meses depois. 1 semana de acompanhamento: Quando ele foi admitido pela primeira vez na reabilitação, o menino chorou e choramingou continuamente. Uma semana após a infusão do sangue do cordão umbilical, ele parou de choramingar e começou a responder a estímulos acústicos.

Acompanhamento de 2 meses: Após dois meses, o paciente recebeu alta do centro de reabilitação. Durante esse período, sua pontuação na Medida da Função Motora Grossa (GMFM) progrediu de 0% para 23%, e sua pontuação na Escala de Remissão do Coma passou de 33% para 92%. O menino podia agarrar, segurar, morder, mastigar e engolir um biscoito. Parte de sua visão foi restaurada, ele estava sorrindo socialmente e podia dizer “ma-ma”. Os déficits neurológicos residuais incluíram tetraparesia (fraqueza muscular nos braços e pernas), tronco hipotônico (também tônus muscular fraco) e outros sintomas clássicos de paralisia cerebral devido à lesão cerebral.

Acompanhamento de 5 meses: Nesta visita, o eletroencefalograma (EEG) da atividade elétrica cerebral estava normal! O menino fez um breve contato visual e foi capaz de responder a perguntas apontando para objetos, mas sua fala expressiva era muito limitada.

Acompanhamento de 1 ano: Melhorias significativas foram observadas no controle motor fino das mãos, interação social e cognição. Ele podia sentar-se sem apoio, mas precisava de apoio para ficar de pé. Ele ainda apresentava tetraparesia espástica, principalmente nas pernas.

Acompanhamento de 2 anos: Neste momento, o paciente foi capaz de comer de forma independente, passar da posição de bruços para sentar livremente e engatinhar. Ele podia andar com apoio. Seu vocabulário consistia em oito palavras, com pronúncia arrastada. Suas habilidades motoras finas melhoraram a tal ponto que ele podia dirigir um carro de controle remoto.

Acompanhamento de 40 meses: No acompanhamento final, seu discurso expressivo avançou para um vocabulário de 200 palavras e frases de quatro palavras. Ele estava se colocando em pé e andando de forma independente em um treinador de marcha.

Em conclusão, essa “notável neurorregeneração funcional é difícil de explicar apenas pela reabilitação ativa intensa e sugere que o transplante autólogo de sangue do cordão umbilical pode ser um tratamento adicional e causador da paralisia cerebral pediátrica após danos cerebrais”.

Referência Jensen A. & Hamelmann E. Primeira terapia celular autóloga da paralisia cerebral causada por dano cerebral hipóxico-isquêmico em uma criança após parada cardíaca – tratamento individual com sangue do cordão umbilical. Relatos de Caso em Transplante 2013; 2013:951827. doi:10.1155/2013/951827

Fonte: Resgate do sangue do cordão umbilical após parada cardíaca (parentsguidecordblood.org)


celulas-tronco-800-getty.png

A medicina regenerativa tem despontado como uma área promissora no tratamento de doenças neurológicas e neurodegenerativas, que representam um desafio significativo para a saúde pública devido à sua alta morbidade e mortalidade (CARVALHO; RODRIGUES, 2022). A baixa capacidade regenerativa do cérebro humano agrava o quadro, tornando a busca por terapias inovadoras uma necessidade urgente. Nesse contexto, as células-tronco surgem como uma ferramenta poderosa, com potencial para revolucionar o tratamento de doenças como Parkinson, Alzheimer, acidente vascular cerebral (AVC) e traumatismo craniano, além de reverter os efeitos colaterais da quimioterapia.

As células-tronco são células indiferenciadas, com capacidade de se autorrenovar e se diferenciar em diversos tipos celulares. Essa versatilidade as torna candidatas ideais para substituir neurônios perdidos ou danificados, proteger os neurônios remanescentes e promover a recuperação neurológica.

No caso da Doença de Parkinson, que se caracteriza pela degeneração de neurônios dopaminérgicos, o transplante de células-tronco pluripotentes induzidas (iPSCs) tem apresentado resultados promissores em ensaios clínicos, oferecendo uma alternativa à terapia com tecido fetal, que enfrenta desafios como baixa disponibilidade e questões éticas.

Para a Doença de Alzheimer, as células-tronco também se mostram eficazes em estudos pré-clínicos, tanto na patologia quanto na função cognitiva. A injeção de células-tronco mesenquimais derivadas do cordão umbilical diretamente no cérebro demonstrou ser um procedimento seguro e factível, apesar da necessidade de superar a resposta imune.

No tratamento do AVC, as terapias com células-tronco têm o potencial de renovar o tecido danificado pela isquemia, sendo a injeção local mais eficiente que a perfusão intravenosa. O desafio da rejeição imune está sendo abordado com o uso de biomateriais biocompatíveis e biodegradáveis.

Em casos de traumatismo craniano, a combinação de terapias com células-tronco  medicamentos anti-inflamatórios tem se mostrado promissora, reduzindo a neuroinflamação e substituindo células cerebrais danificadas.

A quimioterapia, apesar de essencial no tratamento do câncer, pode causar disfunção cognitiva em alguns pacientes. As células-tronco mesenquimais e neurais apresentam potencial para tratar esses mecanismos de disfunção neuronal, oferecendo esperança para os sobreviventes de câncer.

Apesar dos avanços promissores, a terapia com células-tronco ainda está em desenvolvimento e requer mais pesquisas para esclarecer seus mecanismos de ação, segurança e eficácia a longo prazo. Questões éticas relacionadas à obtenção de células-tronco também precisam ser consideradas. No entanto, o potencial da medicina regenerativa com células-tronco para transformar o tratamento de doenças cerebrais é inegável, abrindo caminho para um futuro promissor na área da saúde. (CARVALHO; RODRIGUES, 2022)

Fonte: Células-Tronco: Uma Revolução na Medicina Regenerativa Cerebral | Newslab