08/10 Dia nacional da doação do cordão umbilical

A IMPORTÂNCIA DE REALIZAR O PROCEDIMENTO

Rico em células-tronco, o sangue do cordão umbilical pode ser usado no tratamento de doenças graves

Nos últimos anos, o campo da medicina regenerativa tem crescido de forma significativa. Um exemplo claro é a utilização do sangue presente no cordão umbilical para o tratamento de mais de 80 doenças graves. Apesar do sucesso da técnica ser comprovado há pelo menos 30 anos, no Brasil, mais de 90% dos cordões são descartados, o que representa a perda de milhões de células capazes de gerar todos os tipos de tecidos e órgãos do corpo.

De acordo com Nelson Tatsui, Diretor-Técnico do Grupo Criogênesis e Hematologista do HC-FMUSP, o sangue do cordão umbilical, assim como a medula óssea, é rico em células-tronco, que podem originar diversos tipos de tecidos. “As células-tronco são células “mães”, capazes de criar os componentes principais do sangue humano e do sistema imunológico do corpo. A partir dessas células, formam-se glóbulos vermelhos, que levam o oxigênio aos tecidos; glóbulos brancos, que combatem infecções; e plaquetas, que atuam na coagulação”, afirma.

O especialista ainda explica que a coleta deve ser incluída nos preparativos que antecedem a chegada do bebê. “A retirada do sangue do cordão umbilical deve ser realizada imediatamente após o parto. Depois, as células-tronco são separadas em um laboratório e podem ser armazenadas por muitos anos em tanques refrigerados com nitrogênio, a uma temperatura próxima de -190°C”, diz Tatsui. “o procedimento é rápido, leva em torno de cinco minutos, é indolor e não apresenta nenhum risco para a mãe ou para o bebê”, complementa.

Dentre as principais doenças para as quais as células-tronco tem se mostrado benéficas, estão a Leucemia, Talassemia e Linfomas. Atualmente, há mais de uma centena de doenças que poderão ser tratadas com este material. “A expectativa é que pesquisas também comprovem a eficiência do material no controle de Diabetes Tipo 1, AIDS, AVC,  enfarte e até lesões na coluna e doenças degenerativas (como mal de Alzheimer e mal de Parkinson), além de problemas pulmonares”, avalia.

Como funciona o armazenamento no Brasil – Atualmente existem dois sistemas de armazenamento de sangue de cordão umbilical no país: o público e o privado. No caso de doação para o sistema público, a unidade fica armazenada em um dos bancos públicos da rede BrasilCord para ser usado em pesquisas ou à espera de um paciente compatível, habitualmente portador de uma doença hematológica grave. “Vale ressaltar que a partir do momento que doa as células-tronco do cordão umbilical para um Banco Público, você não terá mais acesso a elas e, caso alguém da família apresente algum tipo de doença que possa ser tratada por meio de células-tronco, ele ficará na fila de espera até encontrar um doador compatível”.

No caso da contratação do serviço por meio do sistema privado, o armazenamento é pago, ficando assim, o material genético disponível para uso exclusivo do próprio bebê ou da família. “Quem armazena nos Bancos Privados tem acesso imediato ao material genético armazenado, ao contrário dos Bancos Públicos, em que é preciso aguardar por uma compatibilidade em uma fila de espera. Além disso, o sistema privado apoia o tratamento de mais de diversas doenças, dentre elas anemias, doenças do metabolismo, osteoporose, linfomas, mieloma e deficiências imunológicas, enquanto os bancos públicos direcionam o material, na maioria das vezes, apenas para o tratamento de casos de leucemia”, explica o especialista.

 


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