Novas técnicas de reprodução assistida podem evitar nascimento de gêmeos

O número de nascimentos de gêmeos no Brasil teve aumento de 28,5% em dez anos, de 2004 a 2014, segundo dados da Pesquisa de Registro Civil do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Porém, as últimas normas médicas do Conselho Federal de Medicina (CFM), estabelecidas em 2010, tendem a reverter essa estatística.

O crescimento pode ser explicado pela popularização das técnicas de reprodução assistida, entre elas, a fertilização in vitro (FIV), popularmente conhecida como o método do bebê de proveta. Nesse método, para aumentar a chance de sucesso na tentativa de gravidez, mais de um embrião é colocado no útero da futura mãe, o que pode gerar uma gestação múltipla.

“Se por um lado aumentamos a chance de gravidez, por outro existe o risco de todos os embriões transferidos se fixarem ao endométrio, gerando uma gestação múltipla como gêmeos, trigêmeos, etc”, explica Renato de Oliveira, ginecologista responsável pela área de Reprodução Humana da Criogênesis.

As últimas normas do CFM determinam a quantidade de embriões que uma mulher poderá receber no tratamento. Antes, transferia-se até quatro embriões para o útero da mulher. Hoje, mulheres de até 35 anos podem receber, no máximo, dois embriões. Quando a faixa etária é de 36 a 40 anos, poderá receber até três embriões. No caso de mulheres que têm mais de 40 anos, o número máximo de embriões transferidos é quatro.

Renato pontua que “há uma tendência mundial em se transferir cada vez menos embriões, idealmente um, uma vez que as técnicas de reprodução assistida e a qualidade dos laboratórios em permitir o desenvolvimento dos embriões melhoraram, possibilitando boas chances de gravidez com a transferência única”.

Riscos

Os bebês de gestação múltipla tendem a ter um nascimento prematuro. Por isso, é importante que os pais tenham alguns cuidados a mais para evitar qualquer risco. “De maneira geral, cada feto a mais no útero corresponde, normalmente, a um mês a menos de gravidez. Ou seja, os gêmeos podem nascer ao redor de 36 semanas ou perto de 2,5 kg. No caso de trigêmeos, a partir da 32ª semana ou quase nos 2 kg, há um risco aumentado de antecipação do parto”, destaca o ginecologista.

A prematuridade pode trazer consequências para a criança, como problemas respiratórios e neurológicos além de predisposição para doenças na fase adulta como diabetes, hipertensão, dentre outras. “Além disso, existe o risco de rotura prematura de membranas (a bolsa das águas), hipertensão e diabetes gestacional. A gestante de múltiplos terá, geralmente, mais consultas do que aquela com uma gravidez de apenas um feto. Também é imprescindível que fique mais atenta ao ganho de peso, alimentando-se adequadamente. E claro, sempre informe ao seu médico sensações diferentes do habitual”, alerta o médico.

 


Leave a Reply

Your email address will not be published. Required fields are marked *