Células-tronco no tratamento contra o câncer na infância

Material pode recuperar as células sanguíneas de pacientes submetidos à quimioterapia ou radioterapia.

Dados do Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (INCA) estimam que, entre 2016 e 2017, vão ocorrer, por ano, cerca de 12,6 mil novos casos de câncer em crianças e adolescentes no Brasil. No entanto, de acordo com a Sociedade Brasileira de Oncologia Pediátrica (SOBOPE), o diagnóstico precoce e tratamento rápido elevam a taxa de cura do câncer infantil em torno de 50%.

Diante deste cenário, um dos caminhos promissores para o encontro da cura da doença tem sido o congelamento das células-tronco, que podem ser usadas para reparar tecidos tratando enfermidades como o câncer (leucemias, linfomas) e algumas doenças imunológicas, como explica Nelson Tatsui, Diretor-Técnico do Grupo Criogênesis e Hematologista do HC-FMUSP: “as células-tronco são usadas para recuperar o sistema hematopoiético (sistema que produz as células sanguíneas) de pacientes submetidos à quimioterapia ou à radioterapia. Nessas situações, a infusão é vital, uma vez que esses tratamentos também destroem o tecido que produz sangue (células-tronco) do paciente”.

Para Tatsui, ter as células-tronco armazenadas é uma forma de prevenção. Além disso, nos casos de família com histórico de doenças graves, sobretudo câncer, é recomendável fazer o congelamento. “É importante destacar que as células-tronco, além de serem compatíveis com o próprio bebê, possuem uma chance aumentada de compatibilidade entre irmãos. Com as células criopreservadas, há maior rapidez no tratamento e diminuição dos riscos de rejeição e efeitos colaterais após o transplante”, esclarece.

COLETA E ARMAZENAMENTO – Após a separação do bebê da mãe, a coleta ocorre de forma rápida. Por meio de uma punção na veia umbilical é feito a drenagem do sangue e seu acondicionamento é realizado em uma bolsa contendo anticoagulante. Todo o processo de coleta deve ser concretizado com cuidados de esterilidade. O tempo de transporte entre a coleta e o processamento deve ser no máximo de 48 horas. “O procedimento de coleta é totalmente seguro, pois o sangue é retirado da placenta e cordão umbilical após a separação do bebê e da mãe, durante o parto”, esclarece o especialista.

No Brasil, quem opta por armazenar o material em um Banco Público está doando sangue do cordão umbilical. Este material poderá ser utilizado por qualquer pessoa que necessitar. A doação corre sob sigilo e a família não poderá reivindicar a qualquer tempo o próprio sangue de cordão doado. No caso do Banco Privado, somente a família terá acesso às células-tronco congeladas. “Armazenar no Banco Privado é como ter um seguro biológico da sua família. Este procedimento é pago e custa, inicialmente, cerca de R$ 3 mil. Anualmente, também é cobrada uma taxa de manutenção da estocagem, que gira em torno de R$ 600,00. Obviamente, estes valores podem variar entre os bancos privados e aumentar devido aos custos relacionados a transporte”, finaliza o especialista.


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