Cordão Umbilical: Doar ou armazenar?

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Durante toda a história da humanidade, no momento em que o bebê nascia seu cordão umbilical era cortado e jogado no lixo. Fazer isso hoje em dia é quase que cometer um crime. Com o avanço da ciência está comprovado que o armazenamento deste pequeno pedaço do corpo que liga o feto a mãe pode evitar doenças e salvar vidas no futuro.

O congelamento do cordão é tão importante porque em seu sangue estão localizadas células-tronco, consideradas muito especiais. Elas surgem no ser humano, ainda na fase embrionária. Após o nascimento, alguns órgãos mantêm dentro de si uma pequena porção delas, que são responsáveis pela renovação constante desse órgão específico. Essas células têm duas características distintas: elas conseguem se reproduzir, duplicando-se, gerando duas células com iguais características e conseguem diferenciar-se, ou seja, transformar-se em diversas outras células de seus respectivos tecidos e órgãos. E por isso elas podem ser usadas na cura da leucemia, no transplante de medula, por exemplo.

Atualmente existem duas maneiras para não descartar o cordão da criança. No Brasil, ou os pais doam para o Banco de Sangue de Cordão Umbilical e Placentário- BSCUP, que é público, criado pelo INCA em 2001, ou eles armazenam em bancos privados. Porém não é tão fácil assim optar por uma dessas possibilidades. Cada uma tem seus prós e contras. E por detrás da novidade que mais parece filme de ficção científica, surgem divergências e discussões políticas homéricas por parte do governo, cientistas, médicos e laboratórios.

Para o Ministério da Saúde, por exemplo, guardar o cordão da criança para a própria criança num banco particular pode ser inútil. Em primeiro lugar porque se a criança tem uma doença no gene, em sua célula-tronco provavelmente ela também terá e em segundo é possível encontrar doadores compatíveis no resto do país. Porém, por outro lado, o hematologista Nelson Tatsui, pesquisador das células e diretor técnico da Clínica Criogênesis explica que a maioria das doenças é desenvolvida por critérios ambientais e mesmo que tenha um defeito de gene, no futuro a célula poderá ser manipulada, inclusive já há registro de um transplante com alteração do gene.

“Além disso, os pais guardam o cordão para toda a família. É a possibilidade única de se ter uma célula-tronco compatível com a de um irmão. Apenas 30% das famílias que buscam a compatibilidade em bancos públicos conseguem encontrar. É sabido hoje em dia que a célula- tronco de um irmão é melhor do que a de uma pessoa desconhecida. O fator torna o transplante mais seguro.”

O grande problema de armazenar o cordão num banco particular é o custo. Ainda é um serviço muito caro que pouquíssimas pessoas podem pagar. Para guardá-lo, os pais desembolsam cerca de R$ 4,000 e a partir do segundo ano devem pagar uma taxa anual de mais ou menos R$570,00 para mantê-lo em conservação. Esse preço varia dependendo da clínica. Segundo doutor Nelson, faz dois anos que o preço não aumenta e ele tende a cair com as novidades tecnológicas.

O laboratório da clínica Criogênesis, por exemplo, congela o cordão em mais ou menos 190º negativos dentro de uma caixa metálica. Ele fica guardado em nitrogênio e é identificado por um código de barra memorizado no sistema da clínica. Mesmo em caso de incêndio, ele é conservado e nao existe nenhuma possibilidade de perda.

Para quem ainda não tem condição de pagar pelo serviço, é importante doar o cordão umbilical para o banco do INCA, pois ele servirá de estudo e pode salvar outras vidas no resto do país.

https://www.guiadasemana.com.br/filhos/noticia/doar-ou-armazenar-o-cordao-do-seu-filho


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