Primeiro medicamento para tratar a depressão pós-parto é aprovado nos EUA

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O FDA aprova o primeiro medicamento desenvolvido especificamente para tratar a doença

O primeiro medicamento específico para tratar a depressão pós-parto (DDP), uma sensação de tristeza profunda,  irritação e ansiedade após o nascimento do bebê, foi aprovado em março pelo FDA (órgão que regula medicamentos e alimentos nos Estados Unidos). A droga, brexanolona, vai estar disponível no mercado norte-americano a partir de junho, com o nome comercial da Zulresso (não há previsão para a chegada ao Brasil).

A DPP é um problema de saúde mais comum do que se imagina: acomete entre 10 e 20% das mulheres após o nascimento dos bebês, segundo Renato de Oliveira, ginecologista e obstetra da Clínica Criogênesis, em São Paulo. “Na maioria dos casos, surge nas primeiras quatro semanas após o parto afetando, principalmente, a mãe, mas com potencial de interferir no desenvolvimento do bebê e no bem-estar da família”, fala o médico.

As mães que sofrem com a DDP recebem os mesmos antidepressivos que são usados no tratamento da população em geral, que podem levar meses para fazer efeito — deixando-as desprotegidas nessa fase em que, entre outros aspectos importantes, estabelece-se o vínculo entre elas e os filhos. Já a nova droga, em estudos clínicos feitos com mulheres com DPP moderada a grave,  ofereceu resultados muito rápidos: a maioria delas apresentou melhora 24 horas após receberem o medicamento.

Diferentemente dos antidepressivos tradicionais, que atuam no equilíbrio da dopamina/serotonina, neurotransmissores que regulam o bem-estar e humor, a nova droga tem foco na progesterona, hormônio feminino essencial para a gravidez, mas que cai abruptamente após o parto. “O medicamento leva em conta as mudanças hormonais que a mulher passa durante e após a gravidez — alterações que estão relacionadas à DPP”, fala Cinthia Calsinski, enfermeira obstetra do Hospital São Paulo, da UNIFESP.

Apesar dos benefícios, que faz do medicamento um marco para tratar a DPP, ele não deve se popularizar tão cedo. Não se trata de uma pílula: deve ser aplicado na veia continuamente por 60 horas em ambiente hospitalar, já que pode causar sonolência e tontura, e o preço é alto, cerca de 34 mil dólares. “Mesmo não sendo viável financeiramente para as maiorias das mulheres agora, o medicamento abre uma perspectiva otimista para futuras mamães”, conclui Ana Carolina Lúcio Pereira, médica ginecologista e obstetra de São Paulo.

Fonte: Revista Vogue


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