Vacinas: o que são, como são feitas e por que há quem duvide delas

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As vacinas salvaram dezenas de milhões de vidas no último século, mas mesmo assim especialistas de saúde de diversos países têm identificado uma tendência de “hesitação em vacinar” – em outras palavras, uma crescente recusa em aderir à imunização.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) considera a questão tão preocupante que a listou como uma das dez maiores ameaças à saúde global em 2019.

Abaixo, uma breve história da vacina, entre descobertas e desconfianças.

Por que algumas pessoas recusam a vacinação?

A desconfiança quanto a vacinas existe há quase tanto tempo quanto as próprias vacinas modernas. No passado, as suspeitas eram relacionadas à religião, à percepção de que as vacinas eram anti-higiênicas ou à sensação de restrição à liberdade de escolha.

No Brasil, por exemplo, a Revolta da Vacina de 1904, no Rio de Janeiro, se seguiu à campanha obrigatória de vacina contra a varíola, implementada pelo epidemiologista e sanitarista Oswaldo Cruz. Antes disso, ainda no século 19, surgiram no Reino Unido as chamadas ligas antivacina, que pressionavam por medidas alternativas de controle de doenças, como o isolamento de pacientes.

Nos anos 1870, o movimento se espalhou aos EUA, após a visita do ativista britânico antivacina William Tebb.

Mais recentemente, o britânico que mais marcou a história do movimento antivacina é Andrew Wakefield. Em 1998, em Londres, o médico publicou um estudo falsamente ligando o autismo e problemas gastrointestinais à vacina MMR (que protege contra sarampo, caxumba e rubéola).

Em 2004, o Instituto de Medicina dos EUA concluiu que não havia provas de que o autismo tivesse relação com os componentes da vacina. No mesmo ano, descobriu-se que, antes da publicação de seu estudo, Wakefield havia feito um pedido de patente para uma vacina contra sarampo que concorreria com a MMR, algo que foi visto como um conflito de interesses.

Além disso, um assistente de Wakefield afirmou que, em seu estudo, o médico manipulou informações de crianças para forçar a ligação entre vacina e autismo. Em 2010, o Conselho Geral de Medicina do Reino Unido julgou Wakefield “inapto para o exercício da profissão”, qualificando seu comportamento como “irresponsável”, “antiético” e “enganoso”. E a Lancet, periódico que havia tornado público seu estudo, se retratou da publicação, dizendo que suas conclusões eram “totalmente falsas”.

Em meio a isso, as taxas de vacinação caíram em vários países após a publicação do estudo de Wakefield. Só em 2004, 100 mil crianças a menos receberam a vacina MMR no Reino Unido – o que levaria a um aumento de casos de sarampo.

O tema ganha, também, contornos políticos.

O ministro do Interior da Itália, Matteo Salvini, se alinhou a grupos antivacina, enquanto o presidente americano, Donald Trump, traçou – sem oferecer provas – elos entre vacinação e autismo. Recentemente, porém, ele instou os pais americanos a vacinarem seus filhos.

Um estudo internacional sobre comportamento perante vacinas identificou que, embora a confiança geral na imunização fosse positiva, está em seu nível mais baixo na Europa, particularmente na França.

Fonte:Portal G1


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