Filho adotivo: quando contar a verdade?

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O processo de adoção é demorado e delicado, e requer que os pais participem de cursos preparatórios para adotar uma criança, além de estarem cientes do motivo que os dispõe a isso.
Antes de mais nada, cada pessoa, deve ter bem claro para si mesma, as razões pelas quais deseja realizar a adoção. E são muitos os motivos que podem levar uma pessoa a querer adotar uma criança, pois sempre podem estar relacionados ao desejo de constituir uma família, seja ela formada por casais de sexos opostos ou não e também de pessoas que vivem sozinhas.

O desejo de formar uma família sempre encabeça a lista dessas causas. Entretanto, as questões individuais de cada envolvido permeiam a adoção, e é ai que vemos a culpa, o desejo de fazer o bem, o medo de não ter alguém para servir de amparo na velhice, entre outros tantos motivos, agregarem essa lista. Por isso, é fundamental que as pessoas entrem em contato com suas questões para que tenham muito claros os diversos aspectos, bem como suas limitações relacionadas à adoção.

Adotar uma criança não é um processo tão simples quanto se possa acreditar, e demora um tempo indefinido que não depende dos envolvidos nesse desejo, mas sim de um processo lento, que quando é iniciado, o casal já sabe de antemão que não terá prazo estipulado para ser concluído. Além do mais, os envolvidos devem estar cientes de que a qualquer momento pode aparecer uma criança, que talvez corresponda ou não às suas expectativas, mas que mudará toda a sua rotina de vida e inevitavelmente os remeterá a questões conscientes ou não, mas que serão determinantes na relação com ela.

A partir desse momento, se ao menos algumas questões relacionadas à adoção estiverem esclarecidas internamente, poderá tornar-se mais fácil lidar com tudo, pois a clareza e a segurança em relação aos aspectos envolvidos farão uma diferença bastante significativa.

Quando contar a verdade para a criança? Antes de mais nada, essa verdade precisa estar muito clara e segura para os pais, sem que se esqueçam de que o filho adotivo tem uma história de vida pregressa, conhecida ou não por ela, mas que em algum momento de sua vida, virá à tona. Além do mais, isso varia de criança para criança, e depende também da idade em que foi adotada, da situação em que se encontrava e do contexto em que atualmente se encontra.

Acredito que a verdade deve ser sempre dita. Contudo, as dificuldades individuais existem, e a elas que os profissionais devem estar atentos. O acompanhamento psicológico, mesmo que seja por poucas sessões, pode ser fundamental para o esclarecimento de várias questões, bem como para a colaboração da configuração da nova família que se forma ou se formará.

Fonte: Revista Materlife e Cynthia Boscovich, psicóloga clínica e psicanalista


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